CONTRADIÇÕES (Isis Celiane)
Definitivamente: não morrerei de amor!
Não serei um poeta fanático a fenecer de paixão,
tampouco um trovador triste a chorar seus versos.
Meu canto não será sofrido, minha dor não será infinita.
Não. Não morrerei de amor!
Se dele me restar ainda amarguras,
que sejam somente agruras
e passem velozes feito o vento.
Que não me reste qualquer pensamento.
E se existir ainda a saudade,
que não seja nostálgica a lembrança.
Ainda que exista um fio de esperança,
seja espera alegre e não sofrida.
Que não haja dor se houver partida.
Não morrerei de amor!
Não cobrirei as flores com o véu de minha tristeza,
não ignorarei a lua como se não fosse mais poeta,
não perderei o pôr-do-sol como se ele agora
houvesse perdido o encanto.
Seguirei a lógica incoerente do coração:
Não morrerei de amor!
Mas quero morrer de tanto amar
Este amor sem media e sem razão
que um dia longe fui achar.
Não vale mesmo morrer de amor. Mas o amor vale a pena, mesmo quando a única vantagem tenha sido amar.
ResponderExcluirSeu poema é lindo, Isis. Em versos livres, bem ritmados e inspirados. Parabéns!!!
Sobre este lindo poema, já postei comentário no blog da Academia de Letras de Crateus. Ali, externei que a Isis guarda um quê, alguma coisa da nossa Cecília Meirelles. Até a prevejo como sua substituta; não como imitadora, mas com feito estético próprio, elevada inspiração. Então, onde fica Cecília? Parodiando Chico Miguel em uma manifestação sobre certo autor parecer com Fontes Ibiapina, ele diz: "Paga o tributo de parecer com ele, em alguma coisa. Porém, menos que um tributo, essa proximidade estilística é um vezo, uma memória coletiva, um jeito de ser (...) com suas falas, vocabulário, costume, e vontade de perpetuar aventuras e desventuras". Leia-se em Cecília: "... depois, abri o mar com as mãos para o meu sonho naufragar". E mais adiante fala que está com "as duas mãos quebradas". Grande Cecília. Grande Isis!
ResponderExcluirParabéns!
João Bosco