Bem Vindo ao Blog de Fco. Santos - PI

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terça-feira, 29 de março de 2011

Andamento de Processos da Comarca de Francisco Santos tem grande aumento com o Juíz Franco Morette

O atual Juíz da Comarca de Francisco Santos - PI, o Dr. Franco Morette Felício de Azevedo, em menos de 1 ano que está a frente da comarca, já realizou em torno de 8 julgamentos e com outros já marcados. Com isso o andamento de processos teve um grande impulso, dirigindo-se para ficar em dias com os processos desta comarca. Antes da chegada do Dr. Franco, a comarca tinha uma média de 1 a 2 Juris por ano, onde Franco em menos de 1 ano já realizou vários Juris, tentando assim, acabar com a lentidão da justiça e diminuir quantidade de processos que estavam parados.



sexta-feira, 25 de março de 2011

Mais um grande poeta conterrâneo nosso, Théo Carvalho.

Théo Carvalho é filho de Filomena (Filó), que é filha de Hosternes e Maria, sendo ele neto de hosternes, ele é sem dúvida nosso conterrâneo. Ele atualmente reside em Santo Antonio de Lisboa. Theó, como é apelidado, escreve desde os 16(dezesseis) anos de idade. É fruto de uma inspiração alcançada pela sensibilidade literária. Theó entende a escrita poética como uma manifestação divina, dadivosa e prazerosa e a utiliza com várias facetas, desde a preocupação social, até o existencialismo humano, mas não deixando escapar, sobremodo, o cotidiano das pessoas, a natureza, a sua infância e as questões relativas ao amor.


ESTRADA DE NOSSA INFÂNCIA

NAQUELA ESTRADA PASSÁVAMOS NÓS, EM FILEIRA INDIANA
NO AMANHECER FRIO,OLHÁVAMOS O RIACHINHO ESCORRER
OS RAIOS DO DIA CARREGAVA O ESCURO DO AMANHECER
O SOL AOS POUCOS APARECIA POR DETRÁS DA UMBURANA

NAQUELA ESTRADA PASSÁVAMOS LEVANDO UMA ENXADA
MISTURÁVAMOS O CANTO COM OS PASSÁRAOS AO ALVORECER
ENTOÁVAMOS UMA CANTIGA ANTIGA DESSES DE NÃO ESQUECER
COM OS ACORDES ESTRIDENTES DE UMA VELHA CIGARRA

NAQUELA ESTRADA LEVENTÁVAMOS POEIRA,MOVIA A AREIA
DEIXAVÁMOS NOSSOS RASTROS QUANDO O SOL SUMIA
CONTEMPLÁVAMOS A MESMA NUVEM QUE SE DESFAZIA
NA SOMBRA DE UM RETORCIDO PÉ DE UMA ADULTA INGAZEIRA

NAQUELA ESTRADA TUDO JÁ NÃO TEM O MESMO ACONTECER
ÀS VEZES NOS CONFUNDIMOS QUANDO OUVIMOS ALGAZARRA
DE MENINOS QUE BRINCAM NA MESMA E SAUDOSA ESTRADA
SÓ QUE NOS PERDEMOS E NÃO ENCONTRAMOS MAIS VOCÊ.

THEÓ CARVALHO

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ESTRANHA E SIMPLES FILOSOFIA



NÓS DOIS MALUCOS, PATETAS, ESPERTOS, INCERTOS
ESTUDANDO AMIÚDE A MANHÃ QUE DESPERTA
ARMANDO UMA FUGA PARA O ALÉM DA FELICIDADE
ESPREITANDO FORMAS COMPOSTAS, INDISPOSTAS
COM E SEM RESPOSTA E COM A CERTEZA DO IR E VIR

NÓS DOIS MALUCOS,LÚCIDOS,CERTOS,ERRADOS
EMPUNHANDO NOSSA ESQUESITA FILOSOFIA
DE DÚVIDAS E NECESSÁRIA NO GIRAR DA DINASTIA
QUE DESCONHECEMOS A TEORIA E TEMOS A LÓGICA
E FUGIMOS DOS CURIOSOS E DEIXAMOS POSTOS

NÓS DOIS CONFUSOS,OLHANDO AS RARAS CONQUISTAS
O RESTO SE VIR DEPOIS E SE COUBER QUE SEJAM PATETAS
MISTURADOS E TAXADOS A MESMA FILOSOFIA DOS OCIOSOS
DOS AFOGADOS NO ESCURO E ENCONTRAM LUZ SEM OLHAR
ASSIM VAMOS VIVENDO A ESTRANHA E SIMPLES FILOSOFIA.

THEÓ CARVALHO

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MAUSOLÉU DA ALMA SANTA

DE ONDE SAEM ESSAS PALAVRAS MEDIDAS
EM PENSAMENTOS ESCOADOS DA SERENIDADE
EM MODESTOS GESTOS DE DEDOS SUBLIMES
QUE APALPAM COM AS DIGITAIS DE MÃO SANTA

DE ONDE VEIO ESSE OLHAR DE ÔNIX RELUZENTE
ESSA LIRA QUE TRANSPOE A POESIA E O POETA
EM QUIETUDES DE LÁBIOS QUEDADOS,PRENDADOS
QUE REMOÇA OS SENTMENTOS MAIS ANTIGOS

COMO SOBREVEIO E SOBREVIVE A ESSE MUNDO!?
ONDE A VIDA SE MOVE EM ÁRDUOS COTIDIANOS
DENTRO DE OUTRO UNIVERSO DE MÃOS GRANDES
QUE TRANSFORMA O SUOR EM PESO NÃO REVELADO

EM DESMEDIDAS RUGAS,EM EXPRESSÃO DE TERNURA
QUE SE DISSIPA EM FRAGMENTOS DE ALGODÃO DOCE
EM DOSES AMENAS,ADVINDAS DESSE MAUSOLÉU DE CARNE
DESSA FORÇA MATERNA QUE DESAFIA TEMPOS E CONTRATEMPOS.

THEÓ DE CARVALHO
PARA MINHA MÃE

quarta-feira, 23 de março de 2011

Para Nossa Reflexão!

Discurso do Orador na Formatura do Curso de Medicina da PUC-PR /2010.

Boa noite a todos!

Hoje estou aqui para prestar uma homenagem ao primeiro, maior e melhor médico da história da humanidade!

Deus é esse médico, o médico dos médicos, e o mais excelente conhecedor do corpo humano.

Todas as células e tecidos, órgãos e sistemas, foram arquitetados por Ele, e Ele entende e conhece a sua criação melhor do que todos.

Que médico mais excelente poderia existir?

Deus foi o primeiro cirurgião da história. A primeira operação? Uma toracoplastia, quando Deus retirou uma das costelas de Adão e dela formou a mulher.

Ele também foi o primeiro Anestesista, porque antes de retirar aquela costela fez um profundo sono cair sobre o homem.

Deus foi o melhor Obstetra especialista em fertilização que já existiu! Pois concedeu filhos a Sara, uma mulher que além de estéril, já estava na menopausa havia muito tempo!

Jesus, o filho de Deus, que como Ele é um só, é o primeiro pediatra da história, pois disse: “Deixem vir a mim as criançinhas, porque delas é o reino de Deus!”

Ele também foi o maior reumatologista, pois curou um homem que tinha uma mão ressequida, ou, tecnicamente uma osteoartrite das articulações interfalangeanas.

Jesus foi o primeiro oftalmologista, relatou em Jerusalém, o primeiro caso de cura em dois cegos de nascença.

Ele também é o primeiro emergencista a realizar, literalmente, uma ressuscitação cardiopulmonar bem sucedida, quando usou como desfibrilador as suas palavras ao dizer: “Lázaro, vem para fora!”, e pelo poder delas, ressuscitou seu amigo que já havia falecido havia 4 dias.

Ele foi o melhor otorrinolaringologista, pois devolveu a audição a um surdo. Seu tratamento? O poder de seu amor.

Jesus também foi o maior psiquiatra da história, há mais de 2 mil anos curou um jovem com graves distúrbios do pensamento e do comportamento!

Deus também foi o melhor ortopedista que já existiu, pois juntou um monte de ossos secos em novas articulações e deles fez um grande exército de homens. Sem contar quando ele disse a um homem coxo: “Levanta, toma a tua maca e anda!”, e o homem andou! O tratamento ortopédico de quadril mais efetivo já relatado na história!

A primeira evidência científica sobre a hanseníase está na Bíblia! E Jesus foi o dermatologista mais sábio da história, pois curou instantaneamente 10 homens que sofriam desta doença.

Ele também foi o primeiro hematologista, pois com apenas um toque curou a coagulopatia de uma mulher que sofria de hemorragia havia mais de 12 anos e que tinha gastado todo o seu dinheiro com outros médicos em tratamentos sem sucesso.

Jesus foi ainda, o maior doador de sangue do mundo. Seu tipo sanguíneo?

O negativo, ou, doador universal, pois nesta transfusão, Ele ofereceu o seu próprio sangue, o sangue de um homem sem pecado algum, por todas as pessoas que tinham sobre si a condenação de seus erros. E assim, através da sua morte na cruz e de sua ressurreição, deu a todos os que o recebem, o poder de se tornarem filhos de Deus! E para ter este grande presente, que é a salvação, não é necessário FAZER nada, apenas crer e receber!

O bom médico é aquele que dá a sua vida pelos seus pacientes! Ele fez isso por nós!

Ele é um médico que não cobra pelos seus serviços, porque o presente GRATUITO de Deus é a vida eterna!

No seu consultório não há filas, não é necessário marcar consulta e nem esperar para ser atendido, pelo contrário, Ele já está à porta e bate, e àquele que abrir o seu coração para Ele.

Ele entrará e fará uma grande festa! Não é necessário ter plano de saúde ou convênio, basta você querer e pedir! O tratamento que ele oferece é mais do que a cura de uma doença física, é uma vida de paz e alegria aqui na terra e mais uma eternidade inteira ao seu lado no céu!

O médico dos médicos está convidando você hoje para se tornar um paciente dele, e receber esta salvação e constatar que o tratamento que Ele oferece é exatamente o que você precisa para viver!

Ele é o único caminho, a verdade e a vida. Ninguém pode ir até Deus a não ser por Ele.

Seu nome é Jesus.

A este médico seja hoje o nosso aplauso e a nossa sincera gratidão.

Obrigado.

terça-feira, 22 de março de 2011

domingo, 13 de março de 2011

Visita Pastoral Missionária do Bispo Dom Plínio José a Francisco Santos

"A missão é um compromisso irrenunciavel e permanente"
Nos dias 31 de março a 03 de abril acontecerá a visita pastoral missionária do Bispo Dom Plínio José à Francisco Santos, paróquia Imaculado Coração de Maria, com o objetivo de reanimar a fé e que a comunhão entre as igrejas crescesse pelo testemunho cristã em nossa comunidade.

A visita pastoral terá inicio na quinta-feira 31/03/2011 ás 08:00 horas da manhã na praça do cruzeiro, depois nos encaminharemos para a igreja matriz para um momento celebrativo com a benção do bispo para as familias.

A tarde o nosso pastor diocesano D. Plínio visitará ás escolas da sede, onde conversará com os jovens, adolescentes e crianças. Na sexta feira 01/04/2011 D. Plínio visitará a cidade de Santo Antonio. No sábado 02/04/2011 pela manhã, acontecerá uma visita a alguns doentes da de Francisco Santos. Na tarde do sábado, D. Plínio encontrará com os representantes de pastorais e movimentos. À noite às 19:00 horas Celebração Eucaristica e logo após a missa show catolico.

A visita pastoral será encerrada no domingo 03/04/2011 com a Santa Missa, transmitida pela cultura FM às 18:00 horas.

"Que o Senhor Abençoe toda a visita Pastoral e que ela alcance seus objetivos, contribuindo para criar cada vez mais vida de comunhão e missão"

Participem!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Poema da escritora e conterrânea Isis Celiane

CONTRADIÇÕES (Isis Celiane)

Definitivamente: não morrerei de amor!

Não serei um poeta fanático a fenecer de paixão,

tampouco um trovador triste a chorar seus versos.

Meu canto não será sofrido, minha dor não será infinita.

Não. Não morrerei de amor!

Se dele me restar ainda amarguras,

que sejam somente agruras

e passem velozes feito o vento.

Que não me reste qualquer pensamento.

E se existir ainda a saudade,

que não seja nostálgica a lembrança.

Ainda que exista um fio de esperança,

seja espera alegre e não sofrida.

Que não haja dor se houver partida.

Não morrerei de amor!

Não cobrirei as flores com o véu de minha tristeza,

não ignorarei a lua como se não fosse mais poeta,

não perderei o pôr-do-sol como se ele agora

houvesse perdido o encanto.

Seguirei a lógica incoerente do coração:

Não morrerei de amor!

Mas quero morrer de tanto amar

Este amor sem media e sem razão

que um dia longe fui achar.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Acidente na Br-020 em Francisco Santos deixa duas vitimas fatais.

Patrulheiros da 4a Delegacia da Polícia Rodoviária Federal de Picos foram acionados por volta das 20h00 deste domingo (06) com informações de que um grave acidente havia ocorrido no km 388 da BR 020.

Uma caminhonete D-20, conduzido por Antônio Vieira da Silva e um Palio de Francisco Santos, colidiram frontalmente. O Palio vinha de um jogo de futebol na Localidade Caldeirão, Clube do município de Francisco Santos. O acidente deixou o saldo de 10 vítimas, sendo duas fatais.

Uma das pessoas envolvidas no acidente teve morte instantânea e a outra faleceu a caminho de Teresina. As vítimas fatais, duas adolescentes, eram de Francisco Santos e estavam no Palio. Brenda Riana dos Anjos Lima (16 anos) e Rísia Kelly Rodrigues (15 anos). Alguns que estão em estado mais grave foram encaminhados para Teresina.

terça-feira, 1 de março de 2011

Crônica do Escritor João Bosco "MEDO DE ALMA E OUTROS MEDOS MEDONHOS"

Esta é uma crônica e conto (porque parte é ficção) denominado MEDO DE ALMA E OUTROS MEDOS MEDONHOS, que faz parte do romance inédito ASSIM NA TERRA COMO NO SONHO. Nele, a personagem INOCÊNCIO narra em primeira pessoa as estórias de assombrações, lobisomens e aparição de almas penadas no tempo em que eu era menino. Hoje essa face ingênua de nossa gente desapareceu. Qual é o jovem (ou mesmo adulto/a) que tem medo de alma ou acredita em lobisomem, visagens, assombrações? Em meu tempo, isso chegava ao estado de morbidez.

João Bosco




MEDO DE ALMA E Outros Medos Medonhos

Nossa casa na Ribeira não era mal-assombrada. Mas que era de meter medo, isso era! Enfeitando-lhe a frente, o flamboyant que, em finados, ficava rubro em suas flores sangüíneas. Os fiéis que passavam para o cemitério, em visita sentimental a seus mortos queridos, desviavam-se de sua rota e vinham colher punhados delas para o adorno das sepulturas rasas.



Plantava-se num alto de areia - Alto do Trapiá -, dominando-o altaneira e imponente, seus tijolos ocres e o telhado enegrecido a contrastarem com a verdura dos trapiás, juazeiros e vetustas oiticicas em derredor. Alta, de oitões, embora simples, tinha algo de senhorial e severa. Duas portas e duas janelas frontais, aos pares, permitiam o acesso ao seu interior. Não tinha saída nos fundos. Apenas uma porta de oitão dava passagem para a cozinha, que lhe ficava, como apêndice desfigurador, do lado esquerdo de quem a olhasse de frente.


As paredes externas eram nuas e seu interior, se bem que emboçado, tinha apenas a varanda caiada a tabatinga, por ser a sala dos santos. Era aí que dormia João Antônio, em seus períodos de férias, ou o raro visitante, quando a hospitalidade incluía o pernoite.


No restante de suas dependências, fechadas por paredes quase à altura do teto, reinava a penumbra. No quarto do meio, dois furos de andaime não tapados por descuido do construtor ensejavam a penetração de fachos de luz em dia de sol, como se fossem potentes faróis de automóvel. Quando eu era menino, quedava-me horas a observar as partículas de poeira assim iluminadas, a rodopiarem em lento e eterno bailar. Sem noções outras de conhecimento mais aprofundado, ficava a me perguntar por que elas só ficavam ali, circunscritas naquela réstia de luz. Em outros ambientes, como no quarto do caixão de farinha, a escuridão era total.


Por tudo isso era escura, à exceção da sala da frente e da varanda, que tinham janelas e portas frontais. O visitante, ao penetrá-la, sentia um arrepio involuntário, como se fora um toque de mistério e pavor. Nós, entretanto, acostumados desde criança àquela pesada atmosfera, ríamos da incauta manifestação, enquanto tentávamos acalmar a visita com palavras animadoras. Leila, minha mulher, ao visitá-la pela primeira vez, experimentou essas desagradáveis sensações. Acho mesmo que jamais se acostumou àquele ar de mistério e à sensação de medo que dela se apoderou durante os períodos de férias que ali passou. Mesmo porque, principalmente à noite, seu vasto telhado servia de palco à correria de gatos, ratos e cobras.


À noite, então, a escuridão era total. Luz elétrica não havia e candeeiro, inclusive por medida de economia, somente era aceso na hora do Santo Terço. Escureceu, ninguém ficava dentro de casa. Saía-se para o terreiro para conversar, enquanto miríades de pequenas lâmpadas iam-se acendendo no céu.


A mente, aí, desobstruía-se, permitindo momentos de descontração à fresca brisa da noite, com benéficos efeitos para os torturados corpos moídos das fadigas do dia recém-findo.


Se uma pessoa quisesse beber água, iria no escuro, apenas o hábito e o tino a servir de orientação. Que o pote a gente encontrava de olhos fechados. Modo de dizer, pois o próprio escuro encarregava-se de fechar os olhos ao sedento. Difícil, no entanto, era alguém ter sede. A não ser meu pai, todos nós tínhamos medo de entrar em casa, à noite.


Vivia-se um tempo de pavor, a mente cheia de receios e ocultos medos. Medo de Lampião e seus cabras, que "faziam mal" às mulheres e capavam os homens. Lampião se fora há muito, mas sua fama de malvado continuou por muito tempo. Medo do Negro do Pé Branco, que matava as pessoas para comer-lhes os miolos. Medo de outros doidos que diziam vagarem pela região, furiosos que só o tronco era capaz de segurar. O exemplo estava ali pertinho, no Diogo. Vicente, nosso primo em segundo ou terceiro grau, vivia há anos encerrado num quarto e amarrado a correntes, feito bicho bruto. Medo de Celso e de Zezé de Apolônio, nossos vizinhos. Esses eram loucos mansos e só procuravam comida.

E vinham outros medos menos palpáveis e por isso muito mais medonhos. Os lobisomens, que corriam às noites de quintas para sextas-feiras. Dizia-se que os amancebados viravam lobisomem. Em toda a Fazenda, tinha-se notícia de apenas dois casais nessas condições. Por essa época correu falação de que um desses cidadãos tinha virado uma enorme cobra preta. (Cruz credo, Virgem Maria, que isso não é gente, é o demônio! - diziam as santas mulheres em suas rezas). Certa noite, sua amásia, então de resguardo, acordara com a cobra sugando seu peito, enquanto a criança mamava no rabo da peçonhenta. Isso já corria como estória de Trancoso, mas foi associado ao casal, não se sabe se por pura maldade ou se fruto de alguma mente doentia.

E vinham estórias de visões, abusões e visagens. Fogos-fátuos e assombrações corriam mundo. Conhecidas eram de todos as histórias das bolas de fogo que corriam na casa de seu Antão Rodrigues, às vezes em plena luz do dia! O pote, urna funerária contendo a ossada de uma criança, arrancado durante a escavação dos alicerces, ficou exposto à curiosidade da população por muitos anos, até que um zeloso sacerdote recomendou reenterrá-lo, juntamente com seus despojos mortuários.

E as terríveis assombrações e horrorosas marmotas que apareciam àqueles que tentavam arrancar os sonhados potes de dinheiro? Ainda havia pouco meu pai sonhara com uma botija enterrada junto à raiz da caroba, na Serralta. As tentações para arrancá-la foram muitas. Mas, então, vinham dois contraditórios a impedi-lo ou a desaconselhá-lo da empreitada. O primeiro, era sua convicção profunda de que não se deve mexer nas coisas dos mortos, para não lhes perturbar a paz dos túmulos e dos próprios espíritos. O segundo, era o medo. No próprio sonho, tivera uma mostra das coisas horríveis que teria de enfrentar: ruídos infernais, feras horrendas, visões fantasmagóricas. Coisas de arrepiar! Desistiu da idéia. Nunca mais foi à casa de seu filho João Carlos por esse caminho, uma vez que a árvore lhe ficava bem próxima, na passagem de um grotão.

Outro motivador desse medo irracional era o cemitério. Distante da cidade, dificilmente era visitado em outra época que não em finados, quando então a multidão o transformava completamente. Para os adultos, não deixava de ser o campo santo onde repousavam seus mortos saudosos. Para a meninada, no entanto, era quase lugar de folguedo. O choro silencioso de uns, as longas orações fúnebres de outros, o vozerio, as falas sussurradas, a fragrância das flores de mistura ao odor das velas brancas, tudo, para os meninos, tomava um ar de festa, os poucos túmulos a servirem-lhes de esconderijo e brincadeiras.

Fora daí, era evitado, sempre olhado por cima do lombo, com um misto de temor e reverência. Poucos hão de negar o frio na espinha e o olhar enviesado, quando lhe passavam em frente, mesmo em plena manhã, os passarinhos em festa na ramaria do frondoso pau-d'arco que lhe ficava no canto direito da parte frontal.

A propósito, conta-se um bizarro caso de um rapaz que, a pretexto de ganhar uma aposta, certa noite arrancou o cruzeiro da frente da igreja e foi fincá-lo bem no centro do cemitério. A aposta foi ganha, mas o moço, antes alegre e extrovertido, nunca mais foi o mesmo. Passou a beber, tornando-se um viciado. Chegou-se, inclusive, a falar em sua excomunhão; mas como era de família importante, a história foi abafada e o padre não ficou sabendo, quando veio em desobriga. Conta-se também que outro cidadão, que sofria das faculdades mentais, numa noite chuvosa teria arrancado o sino da torre da igreja e fora pendurá-lo na cruz de uma sepultura. Afora esses dois casos, que são reais ao que parece, ninguém tem conhecimento de pessoas outras que tenham "brincado" com o assunto.

Entre nós, lá em casa, o caso era tão grave que ninguém, na hora de dormir, queria ficar do lado do cemitério. Dormir daquele lado significava estar no caminho das almas. Se, por acaso, viessem pedir alguma reza, como se dizia que vinham, apareceriam àquele que estivesse em primeiro lugar. Eu mesmo, quando ia dormir na casa de Batista, meu sobrinho, já pedia que armassem minha rede do "lado de cima", ao que Julimar, meu cunhado, refutava, fazendo pilhéria:


- Deixa de besteira, cabra frouxo. Alma não tem lado certo de chegar, não; vem de qualquer lado, até por baixo da rede ela vem.

Mesmo assim me sentia mais seguro com a rede armada do "lado de cima", isto é, do lado do nascente, contrário ao do cemitério.

E vinha, por fim, o maior de todos os medos, derivado do medo anterior: o medo de alma. Mortes e mortos eram uma realidade cotidiana. Todos tinham os seus mortos e em toda família, mais cedo ou mais tarde, alguém teria de morrer. Logo, havia as almas dos familiares, dos amigos e dos estranhos. E a gente acreditava piamente na sua existência. E também na sua aparição.

Os medos, nesse particular, eram alimentados por histórias de aparições, cada qual com seus detalhes, suas fantasias, mistérios e mistificações. "A alma de Maria de Zé Cinobe apareceu a Conceição, uma menina de apenas sete anos". Só podia ser verdade, que menina de sete anos não tinha pecado. "Zé Gonzaga falou com a alma do finado João Tenório". Só podia ser verdade, que Zé Gonzaga era um velho sério e não tinha precisão de mentir.

Além dessas histórias, vinham os sonhos, reflexos de toda essa mística mórbida em torno de mortos e de almas. Sonhava-se vendo o morto em seu caixão ou vendo sua alma em vestes brancas e resplandecentes. Os mais corajosos diziam que com elas conversavam, e pela manhã contavam tais conversas, enfeitando, acrescentando pormenores, transmitindo, inclusive, recados de além-túmulo a parentes e amigos. Os medrosos, se sonhavam, punham-se a rezar e a suplicar encarecidamente àquela bendita alma que se dirigisse ao Papa, único ser na terra capaz de poder ajudá-la.

“Vá pra Roma! Vá pra Roma! Vá pra Roma!”

O bordão devia ser repetido três vezes para fazer efeito. Esse foi o ensinamento que eu mesmo aprendi dos mais velhos, para o caso de alguma alma aparecer. Naturalmente o pedido devia ser seguido de três padre-nossos e três ave-marias, rezados em intenção da alma penada.

Coisas desse tipo iam enchendo de pavor a imaginação infantil, transformando-se o medo numa fixação doentia ou em morbidez obsessiva. Quantas vezes, quando rapazinho, deixei de ir a uma festa ou à cidade, que rueiro era muito, simplesmente por medo de retornar para casa à noite? Ih! não foram poucas.

Morávamos no arrabalde, a mais de um quilômetro da cidade. No percurso, sem nenhuma outra morada, ficavam muitos "pontos de medo". O corredor escuro formado pelas oiticicas de Batista, o mulungu e o juazeiro, na descida do rio; a entrada do beco do Brejinho, de onde se contava ter “estufado” um bicho-lobisomem seguido de sua cachorreira infernal; a subida do rio, no sentido de casa, quando invariavelmente a camisa colava-me às costas; a cruz de Marica, morta em maio de 1927, bem no começo do Alto do Trapiá, quase chegando.

"Deus vos salve cruz bendita, cruz de Nosso Senhor, queira salvar esta alma que neste lugar expirou". Nem essa jaculatória ensinada por meu pai me salvava do medo gélido. Olhe que eu já começava a rezá-la duzentos metros antes.

E o que dizer da chegada em casa, o descampado que parecia me deixar desprotegido, mil olhos invisíveis à espreita? Foi ali que Carlos, meu irmão, afirmava ter visto um bicho pavoroso, bem maior que um cavalo, a correr de um lado para o outro, a tropelia dos cascos a “salabancar” e a ensurdecer. E foi encostada à forquilha do estendedor de carne, perto do flamboyant, na frente lá de casa, que Mundico Mouco, meu cunhado, hoje falecido, jurava ter visto uma alma penada a implorar orações. Em sua história, pintava um retrato tão triste dessa alma que a gente, em vez de medo, chegava a ter pena dela. Ficou conhecida como "a alminha" do Mouco, e chegou a ganhar muitos padre-nossos e ave-marias, inclusive com pedidos de que não nos aparecesse, mesmo em sonho.

Minha vida de rapazinho peralta era boa. Requestado pelas moças, querido de todas, pagava em medo o alto preço de ir vê-las todas as noites. Ah, quanto pavor! Era uma carreira só, da última casa na cidade até a nossa. Quanto alívio ao ouvir o Velho - meu bom e querido velho João Lucas - girar a chave na fechadura!

Por esse tempo circulou boato de um caso de morte no Diogo. Dois garotos de nove e dez anos brincavam em casa certa manhã quando, de repente, o mais velho resolveu ir tirar uns umbus no umbuzeiro que ficava ali perto. Passado algum tempo, o outro, com a intenção de pregar-lhe um susto, enrolou-se em lençóis brancos e foi até aonde estava o amigo a colher os cítricos. O garoto, ao deparar-se com aquela assombração, caiu desfalecido.


O susto parou-lhe o coração.

Teria, coincidentemente, ocorrido uma parada cardíaca? Ou teria morrido de susto ou medo? O fato nunca foi esclarecido. O garoto sobrevivente, ao tornar-se adulto, ganhou mundo afora e nunca mais retornou nem dele se teve notícia.

Era esse o mundo de minha infância - mágico, mítico, místico -, histórias de assombrações povoando corações e mentes. Noites de segunda-feira, que me prendiam em casa! Quem se arriscava a sair no dia das almas penadas do purgatório? Noites de quinta para sexta-feira! O lobisomem a correr pelas estradas e becos, quem era doido de sair?

Eis minha casa - a casa paterna -, com seus quartos escuros, iguais a tantas outras, com aquele ar de mistério e pavor! Velha casa, virada para o nascente, quantos sóis viste nascer? Hoje o tempo, impiedoso, te vai a pouco e pouco - inexoravelmente - transformando em ruína.

A essa casa, como eu amava - e quanto!?

Eis minha terra de outrora – meu querido Geralho - em que almas do outro mundo, des/conhecidas e/ou des/ou/reencarnadas, povoavam as mentes impressionáveis de crianças e adultos. Hoje essa face mística/mítica está desaparecendo. Nossos medos são outros, bem mais físicos e palpáveis: o medo dos vivos!

Que os mortos, como dizia meu pai, não mexem com ninguém.