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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Artigo sobre o livro inédito de Chico Miguel - O Menino Quase Perdido

O Menino Intemporal


Maria Helena Ventura*



Dobrar as páginas de O Menino quase Perdido, do escritor, crítico, ensaísta Francisco Miguel de Moura, é desembrulhar um cordão luminoso de memórias coadas pelo tempo, numa viagem ao espaço emocional da Infância.


Pelo caminho de regresso a esse útero materno, o autor varre a poeira das lembranças tristes, uma tristeza imprecisa e doce, em busca de um matiz que estando gasto, consegue ainda colorir, como nenhum outro, paisagens monocromáticas.


Com ele descobrimos as cores, os cheiros, as vozes, e mais que tudo os afectos que fortalecem a personalidade. Porque as trinta e cinco narrativas, num discurso livre da rigidez de formatos, de um realismo salpicado de ternura, são unidas por um cordão de emoções.


Com uma singular capacidade de retirar o invariável, a matéria constante, da variedade de experiências, como faria Lévy-Strauss, nunca o ressentimento mancha as palavras de Francisco Miguel de Moura nesta busca de sentido para os desvãos do tempo, desde que era menino até à eternidade de crescer. A ponte que une presente e passado é o Amor, um Amor transfigurador, fortalecido pela vontade do autor o identificar até nos piores momentos.


A rigidez do pai é entendida como função de todos os pais coevos, absorvidos pela obrigação de providenciar o sustento; a doçura da mãe não se dilui nas chineladas merecidas pelas tropelias, será sempre lembrada com um coração de anjo. E até os beliscões do primo Zezinho são perdoados à luz da sua pouca idade para o carregar, logo compensados por lampejos de ternura quando revisitadas as histórias de caçadas sentado nas pernas do avô Sinhô do Diogo.


São esses instantâneos que perduram, embrulhados na mesma gratidão por todos os que ajudaram na travessia de rios tormentosos. Por isso o menino ainda mora no coração do escritor. De mão dada com ele, em busca da nossa própria infância, recuperamos o espaço da inocência por um processo de alquimia literária, conscientes da urgência em retroceder reflexivamente até ao refúgio primordial, à fonte onde bebemos um sentido antigo, quase inconsciente, para as escolhas urgentes.


Agora domesticado o medo, e porque acreditamos no que escreve, cruzamos as veredas até Morro Pelado, Curral Novo, arredores de Conceição. E avistamos no altiplano a casa de taipa coberta de telhas, o rio serpenteando lá em baixo, os pés marcados na areia, os plantios na vazante do Guaribas.


Vislumbramos ainda a escola improvisada à sombra do juazeiro, as brincadeiras de faz-de-conta sob a frescura das mangueiras, o horizonte raiado de vermelho no morrer da tarde, para lá da mancha verde do capim.


A magia da escrita de Francisco Miguel de Moura é mesmo essa, conseguir levar-nos pelo tracejado das próprias memórias, saudando pelo caminho gerações de mortos que nunca hão-de morrer, até às paisagens eternizadas no silêncio do coração.


No fundo dessa tessitura de palavras e afectos, descobrimos ainda a integridade do homem menino que um dia plantou tabatinga sem saber que viria a colher poesia, reconhecemos a salutar curiosidade de um intelectual que, tapando os buracos da existência com respostas, vai escavando outros buracos, mais perguntas para responder, construindo ao lado montanhas que não se nega a escalar.


O Menino quase Perdido é ainda um ponto de partida para vários reencontros com o talento literário de Francisco Miguel de Moura. Todas as dimensões da escrita ele domina. É o cronista, o relator de experiências esmaecidas pelo tempo. Recuperando depois o material moldado pelo afecto, transforma-o em contos de saboroso recorte, deixando adivinhar o ficcionista que, ao uni-los pela mesma metodologia com que se elabora um álbum fotográfico, estrutura mais tarde uma narrativa em jeito de romance. A personagem principal é o menino Xico em evocação das lembranças, com veneração por parentes e lugares. Daí que a narrativa seja levada até ao leitor com a chancela de um memorial.


A capacidade de descrever experiências e paisagens, inventar mundos, reinventar caminhadas, não apaga a candura do menino intemporal, que recupera o ritmo bíblico da primeira infância à flor das emoções. Essa candura, que emana de tanta sensibilidade, assentou morada neste ser humano de grande dimensão sem sofrer a erosão do tempo. Como diria Pessoa, que a vida por mim passe, logo que eu fique o mesmo. E o menino Xico ficou.


Saúdo o seu talento multifacetado, o seu espírito generoso e aberto a tudo o que o rodeia. A Terra é um lugar melhor com pessoas como Francisco Miguel de Moura, residente em Teresina, lá onde o céu deve alcançar.



16 de junho de 2011 - Carcavelos, Cascais, Portugal


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*Maria Helena Ventura, Escritora, membro da Associação Portuguesa de Escritores, da Sociedade de Geografia de Lisboa e da IWA – International Writers and Artists Association, Toledo, OH, Estados Unidos


terça-feira, 14 de junho de 2011

O Clube Recreativo 3 Irmãos em Francisco Santos é a nova sensação

O clube recreativo 3 irmãos do proprietário Garlene, que fica no bairro Trizidela em Francisco Santos, é uma ótima opção de lazer para família. Com um campo de futebol, piscinas, bar e restaurante, com um agradável clima e ótimo atendimento, o clube é a nova sensação de Francisco Santos. Neste domingo teve um show ao vivo da banda Tribal da conterrânea Lorinha e participação dos tambem conterrâneos Flavenildes e Zé Filho para alegria de todos, pois o agradável clima e o belíssimo som da banda deixaram as pessoas muito satisfeitas. O proprietario disse "que o clube é para o lazer da família franciscossantense e que ele apoiará e incentivará o esporte local e a cultura de Francisco Santos".


Vejam o vídeo e as fotos do clube recreativo 3 irmãos




































segunda-feira, 13 de junho de 2011

Mais um belo poema da escritora Isis Celiane

DO CONTRA



Caminhando pelo mundo contra os desígnios do tempo;


pelejando feito um loco pertinaz que não se entrega;


contrariando as lógicas e contestando o óbvio;


sou inimigo declarado do conformismo


e não há qualquer determinismo


que me convença do fracasso,


ainda mais se o fracassado tiver de ser eu.



Andando pela contramão das imposições sociais,


quero ser neste mundo bem mais


que um sujeito vencido a viver cabisbaixo.


Não aceitarei jamais estar por baixo,


sou bem maior que o meu tamanho aparenta.


E se o medo feito adversário me enfrenta,


faço dele aliado e vou seguindo cauteloso



Desafiando a máxima do mundo burguês:


não esgotarei todas as forças pra ter dignidade,


um prato de comida não mata a fome,


o sacrifício exagerado do corpo compromete a mente.


Estas ideologias sem ideais não me consomem.


Nesta engrenagem exploradora,


o trabalho não dignifica; danifica o homem



De que me vale a igualdade perante a lei


se à margem dela sou exclusão?


Quero ser além deste oportuno cidadão,


não entrego os pontos nem recuo a quem me afronta


e pra quem disser que gosto de contrariar,


se é pra aceitar o mundo como aí estar,


prefiro mesmo é ser do contra.

domingo, 5 de junho de 2011

Artigo do escritor e nosso conterrâneo José Carmo Filho

A CORRUPÇÃO E OUTROS ASSUNTOS CONEXOS



Na acepção vocabular encontrada nos dicionários, a corrupção significa entre outras coisas depravação, alteração, suborno, desmoralização, sedução. No mundo político o seu sentido tem conotação própria, além de ser classificada de ativa e passiva, envolvendo autoridades públicas e agentes da iniciativa privada, sendo o seu foco principal o desvio de dinheiro, embora haja outras vertentes, como, por exemplo, o nepotismo, o tráfico de influência, o fisiologismo, o clientelismo, etc. Esta é, predominantemente, a significação corrente na cabeça das pessoas.


Talvez por isso, observa-se na opinião de milhões de brasileiros a idéia de que o político, no geral, é corrupto, patrimonialista, que só pensa e age no seu próprio benefício ou de seus familiares. Não é de todo improcedente esta forma de ver os nossos representantes, nos três níveis de governo. De fato, tais desvios ocorrem com muita freqüência na administração pública, tanto no âmbito estadual, municipal e federal e nos três poderes constituídos. Os jornais e demais meios de comunicação informam, quase que diariamente, a ocorrência desses fatos. Mas não nos parece justo ficar imputando aos políticos a responsabilidade exclusiva pela malversação do dinheiro do povo, como se outros grupos sociais não o fizessem. Esta é uma forma muito simplista de encarar a realidade. Numa análise mais criteriosa, não é difícil verificar que o comportamento em questão permeia toda a sociedade.


Há, como se sabe, velhos hábitos arraigados na cultura política que enodoam a conduta de quem com eles convive. Ainda é muito comum, pelo menos em muitos grotões deste país, o alistamento de eleitores em municípios onde não residem, quase sempre à custa de compensações de natureza material (dinheiro, bens ou outros favores). Neste caso, tanto os que cooptam quanto os que se associam nesta prática tem culpa no cartório. Aliás, nesse processo fermentam as primeiras movimentações das irregularidades eleitorais, que vão se aprofundar, crescer e desaguar no mar de corrupção que inunda e compromete parte significativa da administração púbica brasileira. Não se deve olvidar, entretanto, que numa escala talvez pouco menor, a corrupção ocorra também pelas mãos de gestores públicos (funcionários e comissionados sem vínculo e sem mandato).


Outra fonte significativa da corrupção são as doações de empresários a partidos políticos e a candidatos, quase sempre de olho nos futuros gastos governamentais, quando os instrumentos legais garantidores de lisura (licitações) são, freqüentemente, fraudados. Por razões óbvias, de ordinário tais doações constam da prestação de contas do beneficiado, mas a nível informal acertos inconfessáveis são firmados e, posteriormente, atendidos por meio de ações nocivas ao erário, inclusive através das famigeradas emendas parlamentares.


No âmbito também do processo eleitoral ainda assistimos, chocados, a desavergonhada compra de votos. Os eleitos nestas condições estão inexoravelmente comprometidos com a decência. Sabe-se que os dispêndios financeiros com esta prática, no mais das vezes, superam os vencimentos (remuneração, jetom, auxílio e demais vantagens) a que faz jus o representante do povo durante todo o mandato. Não dá para se acreditar que os eleitos nestas condições não venham depois, por meios ilícitos, recuperar os valores “investidos”. Os fatos noticiados pela imprensa, com muita freqüência, mostram que este atalho é muito utilizado.


Mas será que os outros seguimentos da sociedade são imunes aos desvios de que se comenta? Os empresários, também, como já explicitado, são corruptores, na medida em que se aliam aos políticos, no início como doadores, e num passo seguinte cobrando a fatura através de inúmeros artifícios, sobretudo na fraudação do processo licitatório. Os industriais também usam de expedientes escusos para o enriquecimento ilícito, quando adulteram pesos e medidas a seu favor. Há profissionais liberais desonestos que prestam serviços de má qualidade, cobrando preços abusivos, que muitas vezes variam de acordo com o poder aquisitivo de quem os procura. Muito deles, não poucas vezes, assumem o compromisso velado, antes de se formarem, de defender interesses de grupos econômicos encastelados no mundo acadêmico. Até no meio religioso, verifica-se a ação de pessoas inescrupulosas, usando de estratagemas para enganar fiéis pouco esclarecidos. A imprensa, vez por outra, reporta-se a casos de pessoas que vendem casa, carro e outros objetos pessoais, e repassam o valor correspondente para falsos dirigentes religiosos, que são capazes de venderem até a alma em troca de valores amoedados. Problemas desta ordem também são verificados em outros segmentos, como os comerciantes, os prestadores de serviços, as concessionárias do serviço público, e por aí vai. A lista desses ilícitos é extensa e seria muito cansativo e desagradável continuar expondo este lado escuro da alma humana. Para o fim aqui considerado, esta visão panorâmica faz-se suficiente, salvo melhor juízo.


O quadro de desmandos e de ilícitos é muito mais amplo e envolve todas as camadas sociais. O prejuízo resultante para o conjunto da sociedade é incomensurável. Levantamentos realizados por entidades conceituadas revelam que centenas de bilhões de reais são desviadas dos cofres públicos, ano após ano, isto sem se levar em conta o dinheiro jogado fora com inúmeras obras inacabadas. Nos campos da moralidade e da decência, os danos são bem maiores, seja pelos maus exemplos que vão se espalhando e subvertendo os bons costumes, seja pela intranqüilidade e incerteza geradas na alma das pessoas. Neste contexto não é nada agradável a posição do Brasil, na avaliação da Transparência Internacional, que o coloca em 69% lugar entre as nações, em 2010, no quesito honestidade e corrupção.


Na década de 70, li um editorial de um diplomata brasileiro num jornal local, cujo título era O Elefante Branco. Ele abordava, de forma sucinta, o gigantismo e a ineficiência administrativa do setor público. Fazia um balanço do que isto representava de prejuízo para a sociedade, não só em termos materiais, como também no campo moral e da ética. Em conclusão, asseverava o articulista: a raiz do problema está na nossa mentalidade, na nossa forma ainda tacanha de lidar com a coisa pública.


É possível que o diagnóstico daquele funcionário seja incompleto. A meu ver, entretanto, ele não só tem pertinência, como se mostra atualíssimo nos nossos dias. Eu ouso acrescentar ainda que a causa profunda desse mal se encontre também no velho e persistente egoísmo, que, para muitos, é a maior chaga da humanidade.


Faz-se necessário, de outro lado, ressaltar que não é pequeno o número das pessoas que pautam suas vidas baseadas nos princípios da moralidade e da ética, onde quer que atuem. Estas pessoas decentes e probas estão no meio político, no empresariado, entre os industriais e comerciantes, no âmbito das religiões sobremaneira, enfim em todos os agrupamentos humanos. Graças a elas ainda não perdemos o fio da meada na marcha evolutiva, ou seja: há esperança de que a regeneração da raça humana seja possível.


Reafirmo, finalmente, não parecer sensato acusar apenas políticos pela corrupção desenfreada que nos aflige, nem qualquer outro segmento social, isoladamente. Ante de apontar o dedo para esta ou aquela pessoa é preciso que se faça um exame de consciência, porque quase sempre o gérmen de tais imperfeições está latente em cada um de nós. Como afirmou um sábio, o criminoso é qualquer um de nós, quando descoberto. Jesus, em sua infinita sabedoria, exortou a turba enfurecida, que pelos costumes da época ameaçava apedrejar a mulher adúltera, a atirar a primeira pedra aquele que não tivesse pecado. E todos, cabisbaixos, foram se retirando.


É do entendimento de muitos estudiosos e autoridades no assunto que a humanidade vive uma profunda crise de valores. Para alguns religiosos, os tempos são chegados. Para outros, um período de transição está em marcha. Os sinais são evidentes. A mãe terra, também vítima da ação malfazeja dos homens, dá recados através de inúmeras e freqüentes catástrofes, muitas das quais responsáveis por milhares de mortes. A disseminação acelerada das drogas, a dissolução dos bons costumes, o enfraquecimento dos laços de família, a violência em grau insuportável, por outro lado, dão-nos a impressão de que o pior ainda está por vir.


Cabe, pois, a cada pessoa o inadiável dever de refletir sobre essas coisas para, após profundo exame de si mesmo, encontrar meios de contribuir para um mundo melhor. O autoconhecimento, a educação, aliados à boa vontade e à disposição para agir com benevolência, são passos decisivos. O progresso da humanidade começa pela transformação de cada um de nós. O mundo do amanhã será construído com as nossas ações no presente.


José Carmo Filho – Brasília/DF




quinta-feira, 2 de junho de 2011

Artigo do escritor, poeta e conterrâneo Francisco Miguel de Moura

MEC - “POR UMA LÍNGUA PIOR?”



Francisco Miguel de Moura*



Um tiro recente sobre a nobre língua portuguesa assustou os amantes das obras de Camões, Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Alexandre Herculano, Fernando Pessoa, Machado de Assis, Euclides da Cunha, Rui Barbosa, Drummond, Olavo Bilac, Gonçalves Dias e tantos outros, cujos autores devem estar tremendo em suas sepulturas. Trata-se da consagração da ignorância distribuída pelo Programa Nacional do Livro Didático, por todas as escolas do ensino fundamental do Brasil, através do livro “Por uma vida melhor”, de Heloísa Campos. E não foi a primeira vez que o Ministério da Educação bateu fofo, sob a batuta do PT. Enumeremos alguns outros recentes: A fraude do Enem, em 2009, quando foram roubadas provas dentro da gráfica responsável pela confecção dos testes; no ano seguinte, os erros na impressão das provas; a denúncia de fraudes no Prouni, com estudantes beneficiados pelo programa, os quais não se enquadravam nos limites de renda; o episódio da sobra de vagas, principalmente no caso das bolsas parciais e no programa de educação à distância, o que demonstraria uma falha administrativa, são os apontados pela revista “ISTO É”, desta semana (25.5.2011). Além disto, é notório que as entidades internacionais de fomento não se cansam de advertir sobre o grande gargalo do desenvolvimento do Brasil: o baixo nível da educação – tudo isto para resumir a miséria a que foi relegado o futuro da juventude brasileira.


Foi um susto, pois é insensata e inaceitável a autorização e distribuição de um livro que trata mal a língua portuguesa, ainda mais porque sua presença abrangerá toda a rede de escolas do ensino fundamental, com finalidade didática, isto é, para ser um instrumento de aprendizado, onde a fala errada do povo é lecionada como português correto. Sinto muito, orientadores do MEC, que vocês considerem corretas as expressões como Nós pega o peixe”, “os menino pega o peixe e outras semelhantes, ensinando às crianças como dignas de serem faladas e escritas. Dessa forma, os meninos não pegarão jamais o peixe. Ao contrário, vão, sim, pisar na bola, como a autora, quando forem redigir uma carta ou ofício, quando forem fazer um concurso, quando... Em tudo. As línguas têm sua variante familiar, doméstica, que não precisa ser ensinada, e o seu padrão normal, oficial ou clássico, como o queiramos chamar, que deve ser o ensinado na escola, pois não se elevará jamais o padrão educacional do povo, nivelando-o por baixo. Quem estudou Lingüística, matéria nova, no curso superior, sabe que é ciência, é experimento. Mas, na escola fundamental, estuda-se mesmo é gramática e leitura dos bons autores, para uso durante toda a vida. Os defensores do erro são certamente pseudos intelectuais ou políticos frustrados, travestidos de cientistas, que apostam na ignorância do povo, para terem votos e consciências compradas para sua eleição, ou para a aquisição de seus altos empregos burocráticos. Se há falta de escolas, vamos criar mais; se há deficiências na educação, vamos supri-las... O certo e o errado são distintos como a água e o fogo, senão dois mais dois seriam cinco, e valem enquanto permanecem os princípios em que se arrimam. Não importa a letra da canção. Assim devem ser os livros da escola. É preciso compreender que todas as nações têm seus símbolos sagrados: a bandeira, o hino, a língua... E o direito à comunicação oral e escrita pela língua oficial é sagrado, faz parte da cidadania. Um erro gramatical é um erro contra todos que falam aquele idioma. Napoleão Mendes de Almeida, famoso gramático de várias gerações de brasileiros, escreveu: “A língua é a mais viva expressão da nacionalidade; saber escrever a própria língua faz parte dos deveres cívicos”. E o povo somos todos nós, não apenas os pobres incultos, e estes têm de ser incluídos não somente através dos direitos ao trabalho, à justiça, à saúde, à segurança, mas também através do direito à educação. “Por uma vida melhor”, livro de HC, distribuído às escolas, deveria ter o título de “Por uma língua pior”, não acham, leitores? Nós, professores e escritores, vivemos criticando a TV Globo, por causa de alguns erros de pronúncia que por ela circula. Pronúncia é fala. Mas, agora, esta não. “Verba volant, scripta manent”. A sacralização de erros didáticos, na escrita e, por extensão na arte e em documentos, é demais!


Não temos nada contra quem escreve e publica livros errados, polêmicos, sei lá. O direito à liberdade de opinião é de todos. Cada um responderá perante a polícia e a justiça, por seus pecados. Mas, o MEC, órgão oficial, que tem a obrigação de cuidar bem e da melhor maneira possível do setor educação, não pode ser poupado. O caso é indefensável, por mais que alguém queira forçar a barra. Os governantes destes últimos anos, depois do governo Fernando Henrique Cardoso, precisam acordar, ou aprender, que o povo não é somente o pobre, o sindicalizado ou, sem generalizar, quem tem ficha no PT. O povo são todos, ricos e pobres, brancos, pretos e amarelos, japoneses, alemães, polacos, católicos, evangélicos, budistas ou judeus, eleitores do partido A e do partido B. Entender os princípios que norteiam a nação brasileira é o começo da integração. Em seguida, é só estudar, trabalhar, amar e viver a cidadania a que tem direito.



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*Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, membro da Academia Piauiense de Letras, da Academia de Letras da Região de Picos, da União Brasileira de Escritores- SP e da International Writers and Artists Association – IWA, Estados Unidos.