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terça-feira, 9 de novembro de 2010

Texto de Nossa Conterrânea Isis Celiane Rodrigues, que faz parte da Academia de Letras de Crateús.

UM PALHAÇO NO PARLAMENTO

Agora é fato: um palhaço chega ao Congresso Nacional eleito pelo povo brasileiro com mais de 1,3 milhões de votos. Para isso, não precisou apresentar uma única proposta, fazer uma simples promessa ou se valer de um daqueles belos discursos cheios de palavras complicadas e desprovidas de qualquer significado. Em sua campanha, usou como estratégia de marketing apenas o deboche, que é o seu objeto de trabalho, assumindo desconhecer as atribuições de um Parlamentar e reconhecendo, sem qualquer constrangimento, que seu objetivo maior ao entrar na política seria ajudar, em primeiro lugar, a sua família.

O palhaço Tiririca, cearense, natural da cidade de Itapipoca, quebrou todos os protocolos e escancarou o que fica nas entrelinhas do atual cenário político brasileiro: a ridicularização do Parlamento e o desrespeito aos interesses do povo. O povo, por sua vez, demonstrando uma profunda insatisfação com uma política que não agrada, resolveu mandá-lo ao Congresso Nacional sob forma de protesto.

Se durante a campanha Tiririca já incomodava os veteranos da política pela maneira como conduzia sua propaganda eleitoral, limitando-se a fazer piadas e trocadilhos com a eleição, sem apresentar uma proposta sequer, que dirá o desconforto que lhes causará agora, depois de eleito como o deputado federal mais votado em todo país, tendo alcançado tal façanha não como o cidadão Francisco Everardo Oliveira Silva, mas apenas como o palhaço Tiririca.

Embora forçoso, devemos reconhecer que se o cenário político deste País fosse outro, se houvesse de fato respeito e compromisso daqueles que são eleitos pelo povo em dirimir ou diminuir as mazelas sociais, muito provavelmente um palhaço não seria suficientemente pretensioso para pleitear qualquer mandato eletivo. Tiririca nada mais é do que um retrato da nossa política, caracterizado e assumido: é um palhaço, o que não o torna mais desrespeitoso com a população brasileira do que outros tantos parlamentares, mas certamente causa mais vergonha alheia.

Resta-nos agora questionar se mandar um palhaço ao Parlamento é mesmo uma forma correta de protestar contra o sistema, ou se não corresponde a uma maneira ainda mais absurda de ser conivente com o descaso e o desinteresse político pelas questões sociais.

Por sua vez, toda oportunidade que outros tantos Tiriricas espalhados pelo Brasil tiverem de aproveitar-se da fragilidade humana e do ceticismo da população quanto a uma melhoria de vida pelas vias governamentais, ela será muito bem empregada para retirar do povo qualquer possibilidade de transformação social, através da principal arma que ainda lhes resta: o voto.

Ao assumir sem qualquer pudor a que veio, ocupando uma cadeira na Câmara dos Deputados, em Brasília, Tiririca representará uma ferida aberta na honra de todos aqueles que terão que se deparar constantemente com sua imagem refletida na face caracterizada do palhaço.

Isis Celiane Rodrigues

Academia de Letras de Crateús

isisceliane@hotmail.com

9 comentários:

  1. Boa Tarde !
    Caros amigos
    Aproveitando o espaço do blog, para parabenizar a prima e amiga Celiane, pelo excelente artigo. Mais uma conterrânea que ingressa nesse maravilhoso mundo da literatura, não só como leitora, mas sim, como uma grande escritora, certamente ainda iremos ouvir falar de você num cenário muito maior, eu sei que você vai longe. Quanto ao artigo é realmente muito entristecedor o quadro atual da política brasileira. O caso do Tiririca se destaca dos outros, porque ele focava, explicitamente e desavergonhadamente, aquele eleitor desiludido com a política e os políticos, deu no que deu 1,3 milhões de pessoas que não acreditam mais nas falsas promessas dos nossos políticos, entretanto, votar em Tiririca é um ato de protesto, o que me preocupa muito; Será que estamos perdendo as esperanças?, será que nós eleitores não iremos encontrar um representante político que realmente se importe com o bem estar da população ?, prefiro acreditar que sim, pois sou brasileiro e não desisto nunca!. Jamais me envergonharia da minha terra do meu país, mas envergonho-me da hipocrisia e o descaso da grande maioria dos políticos desta linda e maravilhosa nação

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  2. Boa tarde a todos!

    Esse artigo da prima Isis Celiane diz exatamente o que a grande maioria de nós gostaria de dizer cara a cara com esses que nos faz de Tiriricas ha muito tempo.Somos Tiriricas quando assitimos políticos colocando dinheiro na cueca,meais e bolsas e tudo termina numa enorme pizza fateada e regada ao sabor da impunidade e do esquecimento.

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  3. Não conheço a Isis Celiane mais posso falar que a mesma possui um enorme senso crítico como se vê neste texto.
    Anônimo

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  4. Bom dia!!
    Prezada Isis / amigos blogueiros,
    É com alegria que leio o artigo "Um palhaço no parlamento", nao pela questao lamentavel da política, mas sim por tomar conhecimento de mais um conterraneo ligado a literatura e, a meu ver, com refinado senso crítico. Realmente ficamos a pensar se o palhaço é o tiririca ou se palhaços somos nós, questoes a parte, é um prazer tê-la como participante do blog, que tem aproximado muitos filhos da nossa querida terra e enriquecido nossa bagagem cultural.
    Um bom dia a todos,
    Osni Moura

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  5. Boa tarde, pessoal!
    Gostaria de agradecer, do fundo e do raso do coração, os comentários e elogios feitos pelos visitantes e construtores deste blog. Fico feliz em saber que a terra que deixeri há alguns anos é habitada por pessoas tão inteligentes, que, apesar de viverem num mundo quase robotizado, ainda cultuam a leitura.
    Saudações literárias a todos e um abraço especial aos primos Gilsandro e Gilsonei.
    Isis Celiane (Celi).

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  6. Com surpresa, leio o belo artigo de Isis, mais uma escritora de nossa Terra. A surpresa pelo fato de até então não ter ouvido referência a ela e, sobretudo, pelo brilhantismo do artigo, pela profundiade com que aborda e analisa a decepção do brasieliro neste calamitoso momento em que valores como honra, ética e "vergonha na cara" não passam de ficção nas promessas vãs e nos atos ocultos da nossa classe política. Não chego generalizações que afirmem não haver pol´tico honesto; existem alguns que não endossam atitudes desvirtuantes como atualmente se tem visto. Mas todos carregam o pecado da omissão.
    Artigo para reflexão, coerente, enxuto. Tenho dúvidas se algum cientista político faria melhor análse e interpretação, não apenas do fato Tiririca, mas do simbolismo de que se reveste.
    Parabéns, senhora Isis. Escritora de mancheia!
    João Bosco

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  7. Boa tarde, João Bosco e blogueiros fiéis!
    Quero agradecer, sinceramente, as palavras de um poeta tão grandioso e extraordinário, adjetivos que lhe posso atribuir sem correr o risco de ser exagerada, isto por que antes de fazer este agradecimento li sua biografia e alguns versos seus, suficiente para perceber que possui uma mente brilhante e discretamente modesta.
    Meus sinceros agradecimentos a João Bosco e minhas saudações literárias para ti.
    Isis Celiane.

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  8. Que tal enriquecer o blog, divulgando além de acontecimentos do dia a dia da cidade com artigos e publicações sobre a politica e a cultura de modo geral.

    Eis aí um aperitivo, um artigo publicado pelo jornal o Estado de São Paulo, se o moderador nao aprovar que delete o comentário e o texto em anexo.

    Se aprovarem, prometo maiores contribuiçoes, de preferencia em outro espaço que não os comentários.

    Feliz Natal, Boas Festas, um ano novo repleto de muita saúde e paz a todos os franciscossantes e a todos os visitantes da cidade e do blog.

    FAR


    Herói sem nenhum caráter
    DEMÉTRIO MAGNOLI
    O Estado de S.Paulo - 23/12/10

    Lula jamais protestou contra o monopólio da imprensa pelo governo cubano e nunca deu um passo à frente para pedir pelo direito à expressão dos dissidentes no Irã. Ele sempre ofereceu respaldo aos arautos da ideia de cerceamento da liberdade de imprensa no Brasil. Mas é incondicional quando se trata de Julian Assange: "Vamos protestar contra aqueles que censuraram o WikiLeaks. Vamos fazer manifestação, porque liberdade de imprensa não tem meia cara, liberdade de imprensa é total e absoluta."

    Assange é um estranho herói. No Brasil, o chefe do WikiLeaks converteu-se em ícone da turba de militantes fanáticos do "controle social da mídia" e de blogueiros chapa-branca, que operam como porta-vozes informais de Franklin Martins, o ministro da Verdade Oficial. Até mesmo os governos de Cuba e da Venezuela ensaiaram incensá-lo, antes de emergirem mensagens que os constrangem. Por que os inimigos da imprensa independente adotaram Assange como um dos seus?

    A resposta tem duas partes. A primeira: o WikiLeaks não é imprensa - e, num sentido crucial, representa o avesso do jornalismo.

    ...CONTINUA...

    SOCIÓLOGO E DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP. E-MAIL: DEMETRIO.

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  9. O WikiLeaks publica - ou ameaça publicar, o que dá no mesmo - tudo que cai nas suas mãos. Assange pretende atingir aquilo que julga serem "poderes malignos". No caso de tais alvos, selecionados segundo critérios ideológicos pessoais, não reconhece nenhum direito à confidencialidade. Cinco grandes jornais (The Guardian, El País, The New York Times, Le Monde e Der Spiegel) emprestaram suas etiquetas e sua credibilidade à mais recente série de vazamentos. Nesse episódio, que é diferente dos documentos sobre a guerra no Afeganistão, os cinco veículos rompem um princípio venerável do jornalismo.

    A imprensa não publica tudo o que obtém. O jornalismo reconhece o direito à confidencialidade no intercâmbio normal de análises que circulam nas agências de Estado, nas instituições públicas e nas empresas.

    A ruptura do princípio constitui exceção, regulada pelo critério do interesse público. Os "Papéis do Pentágono" só foram expostos, em 1971, porque evidenciavam que o governo americano ludibriava sistematicamente a opinião pública, ao fornecer informações falsas sobre o envolvimento militar na Indochina. A mentira, a violação da legalidade, a corrupção não estão cobertas pelo direito à confidencialidade.

    ...continua

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