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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Poetas e Escritores de Francisco Santos - PI

2º Homenageado

Francisco Miguel de Moura


OS MORTOS NÃO DEVEM MORRER

Acabo de chegar de minha terra, de uma viagem “em busca do tempo perdido”, das coisas perdidas, para reanimar as lembranças e as saudades. Acompanhou-me um filho com sua máquina de fazer retrato e cinema, ou seja, de fotografar e filmar, das mais moderninhas, o que não vem ao caso. Não viria se ele não houvesse registrado, entre outras coisas, o abandono em que está o “cemitério velho” de Francisco Santos (os mais antigos, leiam fazenda Jenipapeiro), no lugarzinho denominado Curral Novo, onde começou a história daquele burgo. Quando? Lá pelo meado dos oitocentos, pelos registros que temos hoje, quando duas famílias (Rodrigues e Sousa) aportaram por lá, vindas das Bahia, acompanhadas de mais duas ou três pessoas de raça negra, ou já mescladas com índios e portugueses. Falamos assim, colocando a imaginação para trabalhar, pois temos histórias da seca dos dois 7 (1877), contadas por Mãe Ana, uma de minhas avós. Tanto isto é verdade que no Cemitério abandonado de Francisco Santos há uma lápide já quebrada, rolando por entres as covas e catacumbas, com inscrição de pessoas sepultadas pelo meado do século XIX – dedicada ao major Rodrigues. Expliquei a meu filho que talvez não se tratasse de um militar, mas de um chefe de família do Império que, por seus méritos de patriarca, teria ganhado a patente, como era comum naquele tempo.

O errado é que o cemitério velho está ao deusdará, paredes caídas, animais pisoteando os túmulos, a erva crescendo à solta, comprometendo qualquer visita por mais ousada como a nossa, quando arranjamos vários arranhões nas pernas e nos braços por “juremas” e “unhas-de-gato” e o corpo todo ficou “encalombado”, com o cansanção e outras ervas e arbustos espinhentos.

Acima do único portão existente colocaram a data 1900 – ano da construção do anexo, que por sua vez, encheu-se de covas e depois de mato e abandono, como o primitivo. Ninguém vai mais visitar o túmulo dos entes queridos, por falta de condição mínima. A entrada escancarada (por falta da parede que caiu), o portão sem tranca ou aberto. E não se trata de um prédio tão grande, mesmo considerando o conjunto – o próprio cemitério e seu anexo – que não possa ser conservado por uma Prefeitura de pequeno porte como a de Francisco Santos – PI.

Minha indignação foi grande ao ver aquilo. Começa aqui a denúncia, mas vou fazer ofícios, ao Prefeito, primeiramente, e ao Conselho Estadual de Cultura (ou IPHAN), afim de que algo seja feito para a preservação do patrimônio público. Trata-se do prédio público mais antigo de Francisco Santos – Piauí, pois a Igreja foi construída somente em 1918. Depois, é a memória dos que chegaram ali e construíram aquela comunidade. Franklin, meu filho – que bancava de fotógrafo na ocasião, justo quando eu prometi que iria fazer um soneto eternizando os mortos dali – saiu-se com uma frase que considero lapidar:

– Os cemitérios são a memória viva dos mortos.

Talvez esta frase pudesse ser gravada em letras grandes, no pórtico do cemitério de Francisco Santos, caso o povo venha a levantar-se (os vivos) e as autoridades passem a escutá-lo, para o bem da história, da verdade e da vida (dos vivos e dos mortos).

Poesia Inédita de Chico Miguel

DILEMA

Um sentimento estranho me desperta,
agora, que partiste pra tão longe,
e eu cá, neste mosteiro, feito um monge
que se queria um sábio e não poeta...

Mais não tive que um sonho de profeta,
mesmo assim não previ que ias mais longe,
a fingir-te de amada... E, eu, de monge,
sem conseguir sonhar com a alma aberta.

Assim, fingindo amor a vida inteira,
amor que começou por brincadeira
e agora quer sumir tão de repente...

Não sei se vou ficar no meu avesso,
mentindo que te quero, no regresso,
ou se morro de dor completamente.

Teresina, Nov/2009



BREVE BIOGRAFIA DE FRANCISCO MIGUEL DE MOURA

Nasceu em Francisco Santos (outrora “Jenipapeiro”, município de Picos, sertão do Piauí), aos 16 de junho de 1933. Era filho de Miguel Borges de Moura e Josefa Maria de Sousa, e era irmão de Teresinha de Jesus Moura, Maria Josefa de Sousa e Helena Josefa de Sousa. Estudos primários com seu pai; ginasial e contabilidade, em Picos, onde contraiu matrimônio com D. Maria Mécia Morais Moura. Naquela cidade nasceram os 2 primeiros filhos: Franklin e Fulton; os outros, Laudemiro e Francisco Jr. nasceram na Bahia e Fritz e Mécia, em Teresina. Formado em Letras pela Universidade Federal do Piauí e pós-graduado na Universidade Federal da Bahia. Funcionário aposentado do Banco do Brasil.

Também foi radialista e professor de língua portuguesa e literatura, atividades que não mais exerce.

Hoje se dedica exclusivamente a ler, escrever, publicar seus livros e brincar com os netos, que ao todo são dez, na cidade que elegeu para sempre: Teresina, Piauí, Brasil.

Um comentário:

  1. Meu contentemanto é imensurável. Ser reconhecido em minha terra como escritor é uma glória. León Tolstói, grande escritor russo, disse que "se queres ser grande, sejas primeiro em sua aldeia."
    Já concordava com ele, mas agora, depois de ser entronizado no seu blog como uma das personalidades mais queridas e conceituadas de Francisco Santos, agora concordo plenamente.
    Sei que fiz certo não esquecendo minha terra, nem poderia fazê-lo. Já disse num discurso recente, que aquele que não ama sua terra não ama nem a si próprio.
    Os franciscossantenses são amorosos e reconhecidos por nossa terra e isto só os engrandece.
    Parabéns. Seu blog é uma prova disto. Bem feito, feito com amor e graça. Gostei de vê-lo. Creio até que já disse isto num comentário anterior.
    Gostaria de mandar a biografia de meu pai, um dos homens mais inteligentes que conheci,uma das pessoas mais amorosas à família, embora nem sempre expressasse isto.
    Mas perdi o e-mail do diretor e editor deste blog, o qual me havia sido fornecido por meu primo Erismá Moura.
    Espero que, com este comentário, possa obter o referido endereço. Ou que poss mandar-me por e-mail.
    O meu é franciscomigueldemoura@superig.com.br
    Saudações efusivas a todos e um abraço bem largo e forte para Francisco Santos -PI
    as.)Chico Miguel de Moura.

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